terça-feira, 4 de fevereiro de 2014
segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014
Opinião: "A Unidade da Psicologia" de Daniel Lagache [edições 70]
Definitivamente este livro, não perdeu a atualidade. A sua versão original data de 1949 e a versão portuguesa é de 2001.
Este livro, aborda de uma forma geral a história da Psicologia, desde a sua ligação à Filosofia, à Psicanálise focando essencialmente na dicotomia Psicologia experimental versus Psicologia clínica.
É um livro que recomendo aos amantes da Psicologia e aos seus profissionais.
domingo, 2 de fevereiro de 2014
Opinião: "Nove mil dias e uma só noite" de Jessica Brockmole [Editorial Presença]
Este livro apaixonante, é o meu primeiro de Jessica Brockmole e ainda bem que o li. Para terem uma ideia, devorei este livro em 3 horas neste domingo.
Jessica Brockmole tem uma escrita cativante, criativa e envolvente que prende o leitor. Quer os cenários, as personagens (personalidade) e o enredo estão muito bem construídos.
Esta narrativa é cheia de missivas desde a primeira página até à última. Não fosse este livro, um romance que decorreu no século XX. É uma narrativa que transborda a amor, a descoberta e a um conhecimento profundo de Sue por David.
O amor, meus amigos quando é recíproco é das melhores melodias tocadas e vividas. Esse tipo de amor torna-se imortal, e numa força capaz de superar qualquer obstáculo. Esta também é uma história, de persistência e superação.
Se tiverem a oportunidade de lerem este livro, façam-no :)
«Para mais informações consulte o site da Editorial Presença aqui.»
sábado, 1 de fevereiro de 2014
Opinião: "O Ano da Morte de Ricardo Reis" de José Saramago [Caminho]
Adorei este livro :)
José Saramago tem uma escrita irreverente e ao mesmo tempo cativadora, que nos faz embrenhar neste enredo com muito prazer.
Dos vários heterónimos de Fernando Pessoa, o Ricardo Reis sempre foi o meu preferido.
O motivo dessa preferência deve-se do pregar de Ricardo Reis de duas filosofias que parecem ser contraditórias (mas não o são), como o estoicismo e o epicurismo alicerçadas numa sabedoria existencialista.
Como é-vos possível depreender este livro está cheio, de grandes pensamentos e narrativas existencialistas.
Gostei da forma, como José Saramago contempla a ligação/diálogo ao longo da narrativa entre Fernando Pessoa e Ricardo Reis. Adorei também, a dupla relação amorosa de Ricardo Reis por Lídia e Marcenda.
Confesso-vos que gostaria que Ricardo Reis vivesse feliz com Lídia (relembro-vos o célebre poema dedicado à Lídia):
Vem Sentar-te Comigo, Lídia, à Beira do Rio
Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio.
Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos
Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas.
(Enlacemos as mãos.)
Depois pensemos, crianças adultas, que a vida
Passa e não fica, nada deixa e nunca regressa,
Vai para um mar muito longe, para ao pé do Fado,
Mais longe que os deuses.
Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena cansarmo-nos.
Quer gozemos, quer não gozemos, passamos como o rio.
Mais vale saber passar silenciosamente
E sem desassosegos grandes.
Sem amores, nem ódios, nem paixões que levantam a voz,
Nem invejas que dão movimento demais aos olhos,
Nem cuidados, porque se os tivesse o rio sempre correria,
E sempre iria ter ao mar.
Amemo-nos tranquilamente, pensando que podiamos,
Se quiséssemos, trocar beijos e abraços e carícias,
Mas que mais vale estarmos sentados ao pé um do outro
Ouvindo correr o rio e vendo-o.
Colhamos flores, pega tu nelas e deixa-as
No colo, e que o seu perfume suavize o momento —
Este momento em que sossegadamente não cremos em nada,
Pagãos inocentes da decadência.
Ao menos, se for sombra antes, lembrar-te-ás de mim depois
Sem que a minha lembrança te arda ou te fira ou te mova,
Porque nunca enlaçamos as mãos, nem nos beijamos
Nem fomos mais do que crianças.
E se antes do que eu levares o óbolo ao barqueiro sombrio,
Eu nada terei que sofrer ao lembrar-me de ti.
Ser-me-ás suave à memória lembrando-te assim — à beira-rio,
Pagã triste e com flores no regaço.
Ricardo Reis, in "Odes"
Heterónimo de Fernando Pessoa
Contudo o fim desta narrativa, tem toda a razão de ser, pois no fim de contas, Fernando Pessoa e Ricardo Reis são um só.
Meus queridos amigos, deixo-vos com alguns excertos que podeis encontrar nesta fantástica narrativa (José Saramago, 2011):
"A mais inútil coisa deste mundo é o arrependimento, em geral quem se diz arrependido quer apenas conquistar o perdão e esquecimento, no fundo, cada um de nós continua a prezar as suas culpas,"
"Exactamente, meu caro Reis, vida e morte é tudo um,"
"Não há sossego no mundo, morte não é sossego, Não há sossego no mundo, nem para os mortos nem para os vivos, Então onde está a diferença entre uns e outros, A diferença é uma só, os vivos ainda têm tempo, mas o mesmo tempo lhe vai acabando, para dizerem a palavra, para fazerem o gesto, Que gesto, que palavra, Não sei, morre-se de a não ter dito, morre-se de não ter feito, é disso que se morre, não de doença, e é por isso que a um morto custa tanto aceitar a sua morte,"
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